quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Afastando os Evangélicos da Palavra de Deu


A apostasia dentro da igreja evangélica, atualmente, é rompante. Esta é pelo menos a minha perspectiva como a de quem observa as tendências religiosas e os desenvolvimentos nas últimas três décadas. Antes de apresentar minhas específicas preocupações, permitam-me definir alguns termos.

O uso da palavra “evangélico” neste artigo refere-se exclusivamente àqueles que afirmam ser a Bíblia sua exclusiva fonte de autoridade em todos os assuntos de fé e prática. A apostasia consiste naqueles ensinos e práticas contrários à Palavra de Deus, os quais seduzem e enganam tantos os cristãos nominais como os verdadeiros crentes. A apostasia bíblica “é o afastamento que resultará num falso Cristianismo sob o controle do Anticristo”: “Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição” (2 Tessalonicenses 2:3). Embora o ápice da apostasia deva acontecer após o arrebatamento da igreja, vários aspectos dessa religião apóstata têm enredado e continuarão enredando muitos crentes, ao longo do seu desenvolvimento. Em determinado ponto, no futuro, haverá uma completa rejeição ao Cristianismo bíblico, o qual será substituído pela religião do Anticristo. Esta vai manter uma aparência de Cristianismo, o qual se tornará acessível a todas as religiões. Essa perversão do Cristianismo não vai acontecer repentinamente, até o Anticristo aparecer. O processo do engodo começou há muito tempo, no Jardim do Éden, quando Satanás seduziu Eva, tendo se tornado gradativamente uma influência corruptora dentro do Cristianismo, à medida em que se aproxima o aparecimento do falso messias, que o mundo inteiro vai adorar (Apocalipse 13).

Satanás iniciou o seu diálogo com Eva plantando as sementes da dúvida sobre o que Deus havia realmente ordenado: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gênesis 3:1). Essa brecha do Adversário foi a base principal de sua estratégia, a partir de então, para induzir os homens à rebelião contra Deus. Suas implicações impugnando o caráter de Deus e sancionando as racionalizações do homem parecem intermináveis: por que iria Deus privá-lo de algo bom? Será que Ele realmente governa? Ele faz as regras? Você entendeu mal as Suas ordens; não existem absolutos; você precisa considerar o que Ele diz a partir de sua própria perspectiva, e assim por diante. Mesmo tendo confirmado o mandamento divino, na maior parte das vezes, Eva acrescenta o seu errôneo pensamento ao que Deus havia realmente dito: “Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais” (Gênesis 3:3).

É isso o que acontece quando surgem os diálogos relativos aos absolutos: a verdade é acrescentada ou então é subtraída. Tragicamente, muitos cristãos nada vêem de errado em se reescrever a Palavra de Deus. Eles estão perfeitamente de acordo com as versões bíblicas que têm feito exatamente isso.

Em resposta a Eva, Satanás rejeita ostensivamente as admoestações divinas de que a morte seria a conseqüência do pecado: “Certamente não morrereis” (verso 4), tornando Deus mentiroso e, ao mesmo tempo, rebaixando-O, conforme tem sido o jogo de Satanás. Desse modo, aserpente convence Eva de que obedecer ao mandamento de Deus equivalia a ser privada da iluminação, da divindade e do conhecimento, limitando severamente o seu potencial: “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”(verso 5).

Variações dessa mentira básica feitas por alguém que foi mentiroso desde o princípio (João 8:44) têm enganado sucessivamente a humanidade através da história: “É assim que Deus disse?”. Esse ataque direto de Satanás contra a Palavra de Deus tem levado tanto os cristãos nominais como os cristãos verdadeiros à apostasia.

Questionar ou rejeitar o que Deus disse nas Escrituras é o que está no âmago da rebelião contra Ele. As razões deveriam ser óbvias:

1. - Quando não confiamos na Bíblia como sendo a comunicação específica de Deus à humanidade, então ficamos sem coisa alguma, além das suposições e opiniões do homem sobre Deus e sobre o que Ele deseja de nós.

2. - As finitas especulações humanas sobre o seu Criador infinito não apenas são terrivelmente errôneas como malignas, por serem geradas pelo homem pecador e pela sua natureza auto-serviente.

3. - Até mesmo um verdadeiro crente pode mergulhar em trevas, se ficar privado da verdadeira luz e da lâmpada que é a Palavra de Deus (Salmos 119:105).

Embora a Bíblia tenha sofrido vários ataques ao longo dos séculos, a principal estratégia da serpente do “É assim que Deus disse?” pode ser a mais letal, desde a antiguidade. O processo envolve os cristãos funcionalmente iletrados sobre o que a Bíblia realmente ensina, os quais, desse modo, não possuem uma base sólida de interesse em discernir entre a verdade e o erro bíblico. Por “funcionalmente iletrados” quero dizer que esses evangélicos sabem ler a Bíblia, possuem uma Bíblia (de algum tipo), porém raramente a lêem, preferindo obter o seu conteúdo de alguma outra fonte [É a síndrome católica do fiel que deixa tudo nas mãos da hierarquia romana, um mal que tem dominado os evangélicos modernos - MS].

Condicionados por esse processo subversivo, os cristãos biblicamente superficiais têm pouca ou nenhuma preocupação com a doutrina. Eles se destacam em experiências e sensações, as quais determinam quase tudo em que eles crêem. Falando profeticamente sobre os últimos dias, o Apóstolo Paulo parece ter tido exatamente isso em mente: Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2 Timóteo 4:3-4). Concupiscências da carne e da imaginação estão aqui implícitas.

Algumas décadas atrás, os extremistas pentecostais e carismáticos teriam sido o ponto óbvio de referência à admoestação de Paulo, em vista de sua obsessão por curas, prosperidade e poder espiritual, em busca de sinais e maravilhas. Hoje, o Cristianismo experimental tem-se estendido muito além das fronteiras do que antes se considerava um elemento evangélico alienado. Ele agora invade toda a igreja, inclusive aquelas denominações antesconhecidas pelas suas conservadoras visões doutrinárias e adesão à Bíblia. Elas têm solidificado vigorosamente o engodo dos espúrios sinais emaravilhas em seus portões de entrada, abrindo, ao mesmo tempo, as portas laterais e os salões da juventude aos provedores de experiências menos óbvias, porém igualmente desastrosas em suas formas.

Diante dos exemplos do Cristianismo experimental hoje apresentados, deve ficar entendido que o Cristianismo verdadeiro é tanto doutrinário como experimental. Isso inclui uma relação pessoal com o Senhor Jesus Cristo, a qual tem início quando alguém entendeu a doutrina (isto é, o ensino básico) da salvação - o Evangelho de Cristo - e tem-na aceitado pela fé. Quando isso acontece, o Espírito de Cristo vem habitar na pessoa (Efésios 1:13; 4:20; Romanos 8:9). Quando alguém compreende tudo que Cristo fez por nós, o Seu verdadeiro amor acontece.

Em seguida e à medida em que alguém cresce no relacionamento com Cristo, conhecendo e obedecendo as Escrituras, o verdadeiro amor por Jesus aumenta. E à medida em que a pessoa amadurece na fé, o fruto do Espírito vai gradualmente se manifestando: “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gálatas 5:22). Nesse caso, qual o problema fundamental do Cristianismo experimental?

O erro principal na igreja evangélica de hoje é que as experiências (sensações, emoções, paixões, intuições, etc.) têm-se tornado a direção para se entrar ou estabelecer a verdadeira espiritualidade. Em vez das sensações e emoções subjetivas estarem presentes como resultado de uma adesão à sã doutrina, essas experiências têm-se tornado o árbitro de alguém ser ou não ser cristão. Em vez de testar um ensino, prática ou situação conforme a Palavra de Deus, o julgamento passa a ser “ como alguém se sente”.

Duas vezes no Livro de Provérbios, nos termos mais claros, somos ensinados que “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Provérbios 14:12 e 16:25). Em outras palavras, quando alguém se orienta pelo que pensa ou sente, independentemente de ser ou não contra o que Deus disse, as conseqüência serão apenas de destruição para ele. A morte consiste na separação do espírito e da alma do corpo humano; além disso, os caminhos de morte incluem a separação do homem da verdade da luz de Deus: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Isaías 8:20).

O experimentalismo (que parece direito ao homem) é o levedo que está agindo em sua ação perniciosa dentro da igreja, minando a verdade bíblica. Hoje em dia acontecem infectas manifestações com forte ênfase sobre o seguinte: sinais e maravilhas; curas e prosperidade pela fé; logos versus rhema; novos apóstolos e profetas; domínio do reino; missões redimindo as culturas; batalha espiritual estratégica; cura interior; doze passos; psicologia cristã; ativismo evangélico social; ecumenismo; crescimento da igreja; igreja com propósito; igreja emergente; misticismo contemplativo, entretenimento na igreja; adoração contemporânea, versões culturalmente adaptadas da Bíblia, traduzidas visualmente. Todos esses movimentos estão em franca oposição ao meridiano ensino da Palavra de Deus e, mesmo assim, multidões os têm ansiosamente seguido.

Embora esses diversos esforços muitas vezes se distanciem em termos de conceitos e métodos, eles têm compartilhado uma característica comum: conquanto prestando um culto labial às Escrituras, todos eles, querseja por ignorância, auto-engodo ou engodo planejado, subvertem criticamente os seus ensinos. O caminho que parece direito ao homem -caminho em que ele se sente bem, produz crescimento numérico, parece mais espiritual, movimenta emocionalmente as pessoas, parece mover Deus em favor de alguém, mantém as pessoas unidas, fazem-nas parecer mais próximas de Deus e se sentirem melhor consigo mesmas, é mais positivo, enche mais bancos, impressiona o mundo, não faz julgamentos, etc. - este caminho está eliminando sistematicamente qualquer preocupação com a sã doutrina dentro da igreja. Isso é experimentalismo que se opõe à sã doutrina entre os evangélicos, ajudando a igreja a entrar na apostasia.

Não temos espaço suficiente neste artigo para explicar todos os movimentos supra citados [A tradutora recomenda para isso o livro“Reconhecendo o Engodo”, de Dene McGriff, por ela traduzido e posto à disposição dos leitores]. Temos escrito sobre a maioria deles durante anos. Muitos deles podem ser encontrados em pesquisas no sitewww.thebereancall.org ou nos livros por nós ali oferecidos.

Embora conectados aos tempos atuais pelos indivíduos, metodologias ou objetivos semelhantes, a ligação básica que liga todos esses movimentos é a experiência substituindo a Palavra de Deus. Todos eles estão agindo conforme essa mesma premissa antibíblica.

Os carismáticos e pentecostais extremistas têm como ensino fundamental o modo como Deus se comunica diretamente com o Seu povo, fora da Bíblia, principalmente através de uma nova geração de apóstolos e profetas. Essa nova maneira é chamada “Rhema de Deus” [tendo sido criada por David Yongi Cho, na Coréia do Sul], apresentada como um contraste com o logos, considerado como a antiga forma escrita. Um dos líderes mais importantes desse movimento é C. Peter Wagner [considerado a apóstolo principal], o qual afirma estar instruindo a igreja em novas maneiras de fazer as coisas através dos seus modernos profetas. Desse modo, a Bíblia se torna de pouco ou nenhum valor para julgar o que está sendo promovido. Tal ensino não apenas é antibíblico como tem sido catalisado da maior parte dos rituais espiritualmente espúrios do século passado, desde a proliferação dos falsos profetas até a assim chamada amarração de espíritos territoriais, para que seja tomado o controle das cidades, dos países e, finalmente do mundo “para o Senhor” [É uma variação da teologia de Agostinho de Hipona conhecida como Dominionismo].

Conhecer e ficar espiritualmente mais próximos de Deus (por exemplo, através da visualização ocultista) é a pratica atual de muitos evangélicos hoje em dia. Richard Foster [um líder quaker com inclinação à Nova Era] e outros têm derivado sua técnica de formação espiritual a partir dos “santos” e místicos. Foster criou a Bíblia de Formação Espiritual Renovaré, a fim de respaldar sua técnica mística, embora os seus escritos deturpem as Escrituras e minimizem a sã doutrina. Ele introduziu técnicas místicas orientais na igreja, algumas décadas atrás, através de sua obra“Celebração da Disciplina” (depressa adotada como leitura essencial pela liderança da Campus Crusade for Christ). Atualmente, sua agenda de formação espiritual é fundamental à igreja emergente, movimento amplamente difundido entre os evangélicos de 20-30 anos de idade, os quais são atraídos pelas liturgias sensoriais (velas, incenso, cânticos, vestimentas, rituais, estátuas, imagens, etc.) do Catolicismo Romano e da Ortodoxia Oriental, como um suposto meio de fortalecer a sua formação espiritual.Eugene Peterson, contribuinte da Renovaré, tem sua versão popular - The Message (A Mensagem). O experimentalismo através de uma presumível licença poética é ostensivamente manifestado através desta humanista e culturalmente aceitável perversão da Palavra de Deus, a qual Rick Warren tem promovido ao máximo.

Considerem a tradução de Mateus 16:25 na Bíblia ACF: “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”. Agora vejam como este verso aparece em A Mensagem:“Auto-ajuda não é ajuda de modo algum; Auto-sacrifício é a maneira, a minha maneira de encontrar a mim mesmo, de encontrar o meu verdadeiro eu”. Tentem encontrar o menor resquício de “o verdadeiro eu” em qualquer outra tradução bíblica deste verso. Este é o levedo da psicoterapia (totalmente experimental e subjetiva) que tem permeado a igreja.

Mesmo em guarda contra os abusos bíblicos dos carismáticos, até mesmo as igrejas evangélicas mais conservadoras têm sido seduzidas pelas auto-orientadas e sensoriais metodologias da psicologia moderna. Ninguém no Cristianismo contemporâneo levantou até agora um grito: “É assim que Deus disse?” comparando o que as Escrituras realmente ensinam com a assim chamada psicologia cristã. A começar dos programas psicologizados e dos Doze Passos (Exemplo, o Celebrate Recovery de Rick Warren, que a Saddleback tem difundido em milhares de igrejas), aos ministérios de cura interior movidos a ocultismo (Exemplo, Casa de Elias, de John e Paula Sanford), até os estudos humanistas da Focus Family [James Dobson], o levedo psico-espiritual tem-se espalhado imbativelmente.

O movimento da busca pelo sensível crescimento da igreja tem empurrado o experimentalismo (e o seu parente próximo, o pragmatismo) de maneira predominante, graças ao poder de marketing. Necessariamente a sã doutrina é posta de lado, enquanto as igrejas correm ao encontro das “necessidades dos sentidos” dos consumidores visados como cristãos potenciais. A convicção de pecado não causa bem estar, nem promove boas vendas. O pensamento desejável da “igreja com propósito”, que atrairia o perdido a se voltar contra os métodos do mundo, tem-se tornado um Titanic que ignora as admoestações, atirando para longe a sua ligação com a doutrina de Cristo. Ao mesmo tempo em que a orquestra busca uma substituição do coro para “Mais Perto de Ti Senhor”, o vapor vai mergulhando nas profundezas do compromisso, e recusando os salva-vidas que poderiam salvar o mundo dos seus problemas. Este é um caminho que parece direito ao mundo e a um espantoso número dos que professam crer na Bíblia. Ironicamente, o nosso tempo está dando mais atenção à mídia cristã e a mais entretenimento do que à Bíblia. Contudo, o resultado é a corrupção da verdade de Deus, deixando de existir qualquer amor pela sã doutrina, especialmente desde que os adeptos do marketing têm estado na liderança do caminho. Na melhor das hipóteses, a igreja evangélica dos USA [e das simiescas nacionais que a seguem] apresenta-se morna como a de Laodicéia (Apocalipse 3:14-17): rica e abastada de bens materiais, igreja que pode produzir cristãos superficiais, e que, na pior das hipóteses, tem-se tornado aceitável ao engodo dos tempos finais. Contudo, até mesmo em face da perturbadora situação, temos razão de ser tanto encorajados como frutíferos, se obedecermos à inspirada exortação do Apóstolo Paulo na 1 Timóteo 4:16:“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”. Oremos uns pelos outros, a fim de que isso realmente aconteça!

T. A. McMahon - “Weaning Evangelicals Off the Word - Part 1”

TBC, fevereiro 2007.

Tradução e comentários de Mary Schultze

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